quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Semana da Criança - 2016 ( para refletir, mensagem da Escola Espaço Ratimbum)

O QUE FAZ COM QUE SEUS FILHOS ASSISTAM INÚMERAS VEZES O MESMO FILME E NÃO SÃO CAPAZES DE MANTER A ATENÇÃO PARA ESTUDOS OU DIÁLOGO?


Seria possível imaginar o mundo sem a Disney? Sem a magia, sem sonhos encantados e sem imaginação? Seria no mínimo sem graça…

Walt Disney tinha um sonho. Ele transformou a indústria do entretenimento de uma forma que nunca mais será a mesma.

Ele foi um pioneiro, colocou a fantasia e o mundo encantado em destaque e devolveu o sonho para crianças e adultos. Além disso, sempre se preocupou em encontrar novas formas de criar e pensar.

Ele dizia:
“Um dia aprendi que sonhos existem para tornarem-se realidade. E, desde aquele dia, já não durmo para descansar. Simplesmente durmo para sonhar.”

Ele foi um inspirador nato, motivador e líder, colocava os valores humanos acima de tudo e queria fazer um trabalho de alta qualidade. Sempre enfatizava que quando fazemos um bom trabalho as pessoas querem ver de novo e trazem seus amigos pra verem também…. Foi assim que o mundo mágico da Disney se espalhou no mundo real.

Ainda hoje, 50 anos após sua morte, suas ideias e criações são lembradas com carinho, re-assistidas por adultos e crianças no mundo todo e tem um importante papel de inspiração.

Então, mesmo diante de altos e baixos, Walt Disney conseguiu criar a fábrica de sonhos que conhecemos tão bem hoje.

Mas qual é o segredo?

O que encanta tanto as crianças?

O que é capaz de gerar tanto interesse e fazer com as crianças assistam um milhão de vezes o mesmo filme e cantem 2 milhões de vezes a mesma música???

Elas ficam horas em frente a TV. Encantadas. Vivendo a história, envolvidas no enredo, decoram as falas dos personagens e ficam “presas” ao contexto do início ao fim.

PARECE INTERESSANTE?

Pois bem, Sr. Disney, descobrimos seus truques e agora podemos usar para gerar a mesma atenção das crianças para os estudos, diálogos e habilidades mentais.

Os segredos que se conectam com a mente infantil e fazem com que as crianças absorvam o conteúdo estão descritas abaixo, em 4 pontos fundamentais:


O SEGREDO NÚMERO 1: PREVISIBILIDADE

Ao ver e rever filmes ou histórias as crianças conhecem e internalizam o enredo. Isso significa que elas já sabem qual é próximo passo, o que vai acontecer na cena ou na página seguinte. 
Esse sentimento de previsibilidade traz conforto emocional para a criança, segurança sobre o “futuro”, sobre o momento seguinte. É como se ela tivesse o controle da situação, o que a deixa mais autoconfiante.

No mundo real, o sentimento de previsibilidade pode ser estimulado e fortalecido através da rotina e da estabilidade emocional no ambiente.

Para que haja aprendizagem, atenção e relacionamento saudável há uma necessidade da estabilidade emocional no ambiente. É claro que qualquer pessoa vai concordar que é mais aconchegante viver num ambiente estável, onde nos sentimos amados, do que onde há brigas, gritos e desestruturação.

MAS NÃO É TÃO ÓBVIO ASSIM…

Muitas vezes a instabilidade emocional é mais sutil, foge aos nossos olhos no cotidiano, por isso aqui eu chamo atenção para uma análise e reorganização da rotina, prestando atenção à falta de previsibilidade e a perda do controle emocional.

Rotina não significa necessariamente fazer a mesma coisa todos os dias no mesmo horário, mas sim uma constância entre afazeres e posturas. A organização de uma estrutura de atividades previsíveis, que segue uma linha sequencial e que demonstre sintonia entre os integrantes da família.

O PROBLEMA DA INSTABILIDADE DA ROTINA:

Quando estamos cansados ou com pressa, agimos mais impulsivamente e ficamos mais irritados ou ansiosos, diferente de quando estamos tranquilos, dentro do horário e da sequência prevista. Sendo assim, muito pior do que fugir da rotina é perder o equilíbrio emocional.

A falta de equilíbrio emocional causa ansiedade, insegurança e agitação. Esses sentimentos estão diretamente ligados a dificuldade de prever os próximos passos da vida.

Pense em você:

Quando está num momento de grandes oscilações, seja financeira, profissional ou mesmo familiar, como você se comporta, como fica o seu autocontrole e equilíbrio? O sentimento de previsibilidade é essencial para dar clareza e sensatez aos pensamentos e atitudes.

Para as crianças não é diferente. Quanto mais confuso o ambiente, mas dificuldade em criar repertórios adequados e afetivamente equilibrados. A criança vai se comportar de forma mais ou menos segura de acordo com o grau de estabilidade emocional do ambiente em que ela vive, de acordo com as relações em torno dela.

O suporte afetivo é a peça chave para fortalecer o vínculo com seus filhos e manter um relacionamento de qualidade na sua família.

Quando não há uma constância na reposta afetiva a criança se torna ansiosa, provavelmente vai apresentar comportamentos igualmente instáveis, podendo inclusive apresentar déficit de aprendizagem, dificuldade nas habilidades cognitivas, memória, concentração, problemas comportamentais e emocionais.

Quando qualquer pessoa está num ambiente estressante, a nossa atenção fica focada no fator que gera ansiedade, o fator de desequilíbrio e todo o resto fica prejudicado. Até nós adultos quando estamos cansados, estressados, ansiosos podemos apresentar dificuldade de memória, irritação e outros efeitos secundários, imagine uma criança, que além disso tudo, ainda não tem maturidade emocional para compreender o que se passa com seus sentimentos.

O SEGREDO NÚMERO 2: SENTIMENTO DE JUSTIÇA

Na maioria dos filmes o bem geralmente vence o mal; o vilão é descoberto, punido; o justo é reconhecido e premiado.

As crianças tem um fascínio natural pela força, pela coragem e pela justiça – o que explica o vasto sucesso dos super-heróis e personagens corajosos no mundo infantil. Elas tem a tendência em respeitar a força e a coragem quando associadas ao amor, não só na fantasia mas também no mundo real.

QUER SE TORNAR UMA REFERÊNCIA PARA SEU FILHO?

Uma das coisas mais importantes que você pode fazer é dar um bom exemplo. Ele aprende desde muito pequeno a forma como você o trata, como você se relaciona com outras pessoas, e como você resolve os problemas. Ele ouve, vê, sente o tempo inteiro.

O diálogo sem o exemplo é vazio. Se você quer que seus filhos exibam valores como honestidade, respeito e compaixão, então você precisa mostrar que você tem essas qualidades e age tomando-as como base em diferentes situações.

SE CAIR, SEJA CAPAZ DE LEVANTAR!

É claro que todos temos nossos defeitos e ninguém consegue manter o equilíbrio o tempo inteiro, mas a constância na forma de ver e agir sobre o mundo é algo que temos que exercitar.

Além disso, é importante reconhecer as dificuldades do seu filho e dar apoio quando ele erra, mostrando formas de se reconciliar e fazer diferente em outras situações. Com essa atitude você reforça o sentimento de confiabilidade.

(RE) APRENDA A PEDIR DESCULPAS

Assim como quando as crianças erram, assumem e se desculpam, nós também podemos fazer o mesmo. Como falei anteriormente, nenhum pai, nenhuma mãe é correto 100% do tempo. Reconhecer seus limites e dificuldades é um grande passo.

Desculpar-se quando algo não vai bem ou por uma atitude impulsiva valoriza o comportamento adequado, respeita o sentimento infantil e demonstra que você aceita a responsabilidade pelos seus atos.

ALÉM DISSO…

Tenho certeza que a maioria de nós pode olhar para trás, vascular o passado e encontrar experiências que nos ensinaram lições valiosas. Esteja disposto a compartilhar algumas dessas histórias com seus filhos, especialmente aquelas que ilustram como você fez escolhas que eram condizentes com bons valores.

Você também pode compartilhar algumas histórias onde você fez escolhas erradas e teve que aprender algumas lições da maneira mais difícil. Isto é especialmente eficaz com as crianças mais velhas, que podem enfrentar situações parecidas.

“Não significa que pessoas de bem nunca erram, mas sim tem humildade e honestidade para reconhecer seus limites e dificuldades… Além disso, tem coragem de refazer ou se desculpar.”

O SEGREDO NÚMERO 3: ELEMENTOS MÁGICOS

Quantas vezes compramos brinquedos caros e as crianças se interessam pela caixa? Ou observamos a animação de ter ganho aquilo que nosso filho viu na tv e pediu insistentemente durar no máximo uma semana?





POIS É, JUSTAMENTE PORQUE…

A brincadeira abrange o campo de imaginação, que estimula a sua criatividade ao brincar. Ela precisa de espaço, de liberdade de pensamento e de adaptações.

É mais importante o uso que se faz de um objeto e o tipo de relação que se estabelece com ele, do que próprio o objeto usado.

“A fantasia, a imaginação a liberdade de criação fazem parte da aprendizagem, criam autonomia, despertam a curiosidade e permitem a exploração, a experimentação.”

Os elementos mágicos presentes nos filmes da Disney fazem muito bem esse papel. São capazes de transportar-nos para um mundo paralelo, imaginário, aonde tudo acontece e aonde eu interpreto de acordo com o meu momento.

Brincar é uma importante forma de comunicação. É por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano, num mundo de fantasia e imaginação.

Quando você permite que seu filho vivencie a criação e ludicidade livre, ele desenvolve habilidades mentais e emocionais e fica mais propenso a se conectar com você.

FAZ SENTIDO PRA VOCÊ?

Uma mente estressada, sobrecarregada de estímulos, com excesso de tecnologia e brinquedos “barulhentos” tende a ser uma mente fechada, resistente e confusa.

Sem os excessos, você encontra a criança mais disponível, mais aberta para receber o que você pretende ensinar, mais concentrada e atenta, consequentemente absorvendo mais seus estímulos.

O SEGREDO NÚMERO 4: EXALTAÇÃO DAS VIRTUDES E QUALIDADES

No mundo encantado da Disney, sempre há um desafio lançado, um processo para alcançar a conquista e uma recompensa perseguida por todo o roteiro. Quem é bom, sempre tem suas qualidades exaltadas, “recompensadas” e valorizadas.


Quem é justo, consegue alcançar seus objetivos. É reconhecido como merecedor de carinho e conquista o coração do telespectador, que quer ver sua jornada de sucesso, de novo, de novo e de novo.

Se você quer cultivar bons valores e estimular habilidades sociais com seus filhos, eu espero que você consiga fazer isso:

Quando você observa seus filhos fazendo algo de bom, garanta que eles saibam que você está satisfeito com as suas ações.

Quando seu filho arruma o quarto, recolhe os brinquedos, ou repõe a comida do cachorro, mesmo que tenha sido estimulado por você, reconheça que ele fez um bom trabalho.

É importante para a autoestima, autoconfiança e motivação. Eu diria mais do que isso: é importante para o sentimento de ser útil, ser importante no lar e na dinâmica da família, sentir-se valorizado pelos atos e acreditar que tem condições de se tornar um ser humano melhor a cada dia.


AGORA, A MINHA PERGUNTA PARA VOCÊ É:

O que o seu filho acredita que você sente sobre ele? Será que ele sabe (sem sombra de dúvida) que se ele tiver problemas, dificuldades, medos, você o amaria tanto quanto se ele fosse o número 1 da escola e o filho perfeito?

Essa resposta muda o futuro do seu filho.

OS ADULTOS TEM UM GRANDE PROBLEMA!

Achamos que podemos esperar até amanhã para começar algo novo, que agora não dá tempo para sentar e brincar, mas prometemos voltar “depois”, que durante a semana a correria não nos permite dar a devida atenção, mas no final de semana vamos conseguir compensar. Que engano!

Essa resposta é feita de pequenos momentos, na atenção que damos a um machucado ou a uma tristeza infantil; na leveza de uma brincadeira de pega-pega na volta da escola; na firmeza quando impomos limites com amor – porque acreditamos que nosso filho precisa da nossa orientação; na limpeza que eu deixo pra depois enquanto leio uma história pela décima vez (e sempre com a mesma surpresa), na parceria do dia a dia e no interesse por ele.

Assim, vamos construindo as pequenas peças que respondem a essa questão crucial: Sim, eu sou realmente importante para meus pais. Ao ponto que mesmo quando eu não estiver bem, ainda assim minha companhia será desejada por eles. E nada mudará o amor entre nós!

DICA DE OURO!

Uma vez que você se torna consciente da sua atitude, é o primeiro passo da mudança. Coloque-se no lugar dos seus filhos e entre em sintonia com os sentimentos deles. Parece simples, mas essa cumplicidade gera uma conexão positiva.

Quando estamos passando por momentos difíceis. O que mais você quer é encontrar ouvidos atentos, que te deem uma chance para falar sobre o que incomoda e te ajude a se sentir menos chateado, menos confuso e mais capaz de lidar com os sentimentos e problemas.

O processo não é diferente para as crianças. Elas também querem alguém que reconheça e valorize os sentimentos e que ajude a encontrar a saída.

Quando você oferece a possibilidade de compreender os sentimentos dela e se coloca do mesmo lado, você tem mais chances de ter seu filho como aliado. Assim, os argumentos para discussão começam a diminuir.


TUDO QUE ENVOLVE SENTIMENTOS TEM UMA RESPOSTA DIFERENTE.
Além de fortalecer o vínculo e a confiança, 
alimenta a cumplicidade entre vocês,
e quando seu filho tiver um problema, 
é a você que ele vai procurar como um guia e um parceiro.





sábado, 8 de outubro de 2016

Meu Filho não se Concentra nas Atividades. O que Fazer?


Antes de mais nada, é preciso entender que a concentração das crianças é muito curta. Crianças pequenas não conseguem se concentrar por muito tempo, e isso é natural.

Se você quiser melhorar a atenção do seu filho convide o para a prática de alguma atividade física.

Trata-se de algo fundamental, porque ao longo das atividades físicas as crianças vão aprender a coordenar o próprio corpo, seus movimentos, tendo assim um controle maior durante os jogos de linguagem.

Para evitar a agitação depois da atividade física, você deve praticar a lição do silêncio, a qual está disponível abaixo. Com essa atividade, a criança vai aprender a controlar de forma consciente os próprios movimentos. Faça isso e observe se a crianças vai melhorar o comportamento e a concentração durante a atividade.

Procure, também, estimular a memória de curto prazo. Muitas vezes as crianças não se concentram porque a informação chega e sai muito rapidamente. A criança acaba sem entender o que a mãe, o pai ou o professor estão dizendo.

Existe ainda outra questão. Crianças que ficam muito tempo diante de computador, televisão têm uma certa dificuldade em se concentrar, então é importante observar esse ponto. Se seu filho fica muito tempo com o tablet ou assistindo à televisão, tente limitar o acesso.

Obviamente não podemos aqui esgotar o assunto. A concentração infantil e as técnicas para melhorá-la ainda são assuntos a serem debatidos. Procuramos, de fato, indicar formas e técnicas para auxiliar de modo prático na melhora da concentração, o que não significa encerrar a discussão sobre o tema.

Não esqueça estas três dicas: atividade física, lição do silêncio e redução de exposição a monitores.

A Lição do Silêncio

Não são poucos os e-mails enviados para o blog solicitando minha opinião a respeito do Método Montessori. Em vez de emitir um parecer sobre essa metodologia, resolvi compartilhar com você apenas uma lição muito eficaz, que aprendi recentemente com a doutora Montessori, por meio de algumas obras de H. Lubienska de Lenval.
Trata-se de um exercício extraordinário, que tem me surpreendido a cada dia.

Digo isso porque, há mais de um ano, comecei a empregá-lo na escola de minha mãe. E adivinhe? Estou colhendo excelentes resultados!

No livro A Educação do Homem Consciente, Lubienska destaca:

(…) A lição do silêncio tem uma importância capital, uma vez que o progresso da criança se mede pelo progresso do silêncio. Enquanto forem indisciplinadas, agitadas, dissipadas, não poderão assimilar grande coisa. Desde que se estabeleça a calma interior pelo esforço da vontade, tudo se ordena como os cristais num líquido saturado. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 81)
É notória a relação entre silêncio e o crescimento intelectual das crianças. Concentradas, o rendimento delas aumenta, uma vez que a inteligência encontra um caminho mais seguro para o conhecimento.

Mas os benefícios da lição do silêncio não param por aí.
De início, é importante entender que a lição do silêncio não tem como finalidade fechar a boca das crianças. Pelo contrário, ela exige uma verdadeira tensão da vontade, que se vê obrigada a vigiar os pés, as mãos, o pescoço, a boca, os olhos, e até a respiração, para não mexer sequer um cabelo (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 82-83).

Com o passar do tempo, você também perceberá mudanças na forma de andar, nos gestos, na expressão facial e no controle de voz das crianças. No lugar da costumeira agitação, o corpo e a voz delas expressarão aquela serenidade que todos desejam perceber.

Você pode estar pensando: “- Será que tudo isso é realmente possível?” É possível, sim!

Porém, tudo dependerá de sua persistência.

Praticando essa lição, confirmei mais uma vez a tese de que “só podemos transmitir para as crianças aquilo que realmente possuímos”.

Logo, você só poderá praticar a lição do silêncio de forma eficaz se você mesmo – com todo o seu corpo, e não apenas com sua boca – fizer silêncio. Caso contrário, os resultados serão desastrosos.

Isso significa que a lição do silêncio não tem nenhuma relação com a utilização de artifícios linguísticos, os quais, nesse contexto, exercem pouca influência sobre as crianças. Dito de outro modo: não aborreça os pequeninos insistindo em discursos aprimorados, com frases longas e sofisticadas. De uma vez por todas, pare de pedir silêncio para aqueles que nunca fizeram ou viram alguém fazendo silêncio!

Passo a Passo:

Passemos agora para os principais pontos da lição do silêncio:

Sendo o ambiente um dos elementos fundamentais do exercício, escolha um cômodo de sua casa que esteja bem organizado, com poucos móveis e o mínimo de estímulos visuais;

Feche a porta e as cortinas, de modo que tal ambiente permaneça na penumbra;

Reúna as crianças no cômodo escolhido, pedindo para todas se sentem no chão, ao seu redor;

Com o seu próprio corpo, dê para as crianças o exemplo, ficando quieto e imobilizado. Utilizando poucas palavras, diga, em voz baixa, que você pedirá para as suas mãos e para os seus pés ficarem tranquilos. Depois, peça para a sua boca ficar fechada e para o seu nariz respirar de forma lenta e profunda. Comando a comando, demonstre como os membros de seu corpo lhe obedecem de forma dócil e tranquila;

Neste momento, você estará totalmente imobilizado, com as pernas cruzadas, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, a cabeça sustentada entre as mãos, os olhos fechados e voltados para o chão;

Por fim, imitando você, todas as crianças ficarão em silêncio.

Aprofundando a Lição do Silêncio:

Nos primeiros dias, mantenha-se em silêncio por poucos minutos. Depois de algumas semanas, analisando o quanto as crianças suportam, aumente o tempo de duração do exercício.

O objetivo desse treinamento não é o de deixar as crianças sonolentas, e sim o de levá-las a um recolhimento consciente e vigilante.

Sendo assim, no transcorrer dos dias, levante-se lentamente no meio do exercício, posicionando-se atrás delas. E, com uma voz áfona, chame uma criança de cada vez.

Demonstrando atenção, elas virão vagarosamente ao seu encontro, andando com as pontas dos pés. Com a voz sempre baixa, diga algo no ouvido de cada uma delas, pedindo, por fim, para retornarem à posição de origem. Lá, elas ficarão novamente em silêncio.

Caso você seja uma pessoa ansiosa, sempre preocupada com resultados imediatos, fica aqui um importante lembrete de Lubienska:

“As primeiras tentativas da lição do silêncio numa classe é sempre decepcionante. No início, não há verdadeiramente silêncio, mas mudança de ruído. Em lugar dos barulhos grosseiros, percebem-se ruídos mais leves: o ranger de um móvel, a respiração sibilante de alguma criança, o tic-tac de um relógio”. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 105)

Portanto, se o exercício não funcionar nos primeiros dias, não se preocupe. Depois de duas ou três semanas, o verdadeiro silêncio surgirá!