sábado, 8 de outubro de 2016

Meu Filho não se Concentra nas Atividades. O que Fazer?


Antes de mais nada, é preciso entender que a concentração das crianças é muito curta. Crianças pequenas não conseguem se concentrar por muito tempo, e isso é natural.

Se você quiser melhorar a atenção do seu filho convide o para a prática de alguma atividade física.

Trata-se de algo fundamental, porque ao longo das atividades físicas as crianças vão aprender a coordenar o próprio corpo, seus movimentos, tendo assim um controle maior durante os jogos de linguagem.

Para evitar a agitação depois da atividade física, você deve praticar a lição do silêncio, a qual está disponível abaixo. Com essa atividade, a criança vai aprender a controlar de forma consciente os próprios movimentos. Faça isso e observe se a crianças vai melhorar o comportamento e a concentração durante a atividade.

Procure, também, estimular a memória de curto prazo. Muitas vezes as crianças não se concentram porque a informação chega e sai muito rapidamente. A criança acaba sem entender o que a mãe, o pai ou o professor estão dizendo.

Existe ainda outra questão. Crianças que ficam muito tempo diante de computador, televisão têm uma certa dificuldade em se concentrar, então é importante observar esse ponto. Se seu filho fica muito tempo com o tablet ou assistindo à televisão, tente limitar o acesso.

Obviamente não podemos aqui esgotar o assunto. A concentração infantil e as técnicas para melhorá-la ainda são assuntos a serem debatidos. Procuramos, de fato, indicar formas e técnicas para auxiliar de modo prático na melhora da concentração, o que não significa encerrar a discussão sobre o tema.

Não esqueça estas três dicas: atividade física, lição do silêncio e redução de exposição a monitores.

A Lição do Silêncio

Não são poucos os e-mails enviados para o blog solicitando minha opinião a respeito do Método Montessori. Em vez de emitir um parecer sobre essa metodologia, resolvi compartilhar com você apenas uma lição muito eficaz, que aprendi recentemente com a doutora Montessori, por meio de algumas obras de H. Lubienska de Lenval.
Trata-se de um exercício extraordinário, que tem me surpreendido a cada dia.

Digo isso porque, há mais de um ano, comecei a empregá-lo na escola de minha mãe. E adivinhe? Estou colhendo excelentes resultados!

No livro A Educação do Homem Consciente, Lubienska destaca:

(…) A lição do silêncio tem uma importância capital, uma vez que o progresso da criança se mede pelo progresso do silêncio. Enquanto forem indisciplinadas, agitadas, dissipadas, não poderão assimilar grande coisa. Desde que se estabeleça a calma interior pelo esforço da vontade, tudo se ordena como os cristais num líquido saturado. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 81)
É notória a relação entre silêncio e o crescimento intelectual das crianças. Concentradas, o rendimento delas aumenta, uma vez que a inteligência encontra um caminho mais seguro para o conhecimento.

Mas os benefícios da lição do silêncio não param por aí.
De início, é importante entender que a lição do silêncio não tem como finalidade fechar a boca das crianças. Pelo contrário, ela exige uma verdadeira tensão da vontade, que se vê obrigada a vigiar os pés, as mãos, o pescoço, a boca, os olhos, e até a respiração, para não mexer sequer um cabelo (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 82-83).

Com o passar do tempo, você também perceberá mudanças na forma de andar, nos gestos, na expressão facial e no controle de voz das crianças. No lugar da costumeira agitação, o corpo e a voz delas expressarão aquela serenidade que todos desejam perceber.

Você pode estar pensando: “- Será que tudo isso é realmente possível?” É possível, sim!

Porém, tudo dependerá de sua persistência.

Praticando essa lição, confirmei mais uma vez a tese de que “só podemos transmitir para as crianças aquilo que realmente possuímos”.

Logo, você só poderá praticar a lição do silêncio de forma eficaz se você mesmo – com todo o seu corpo, e não apenas com sua boca – fizer silêncio. Caso contrário, os resultados serão desastrosos.

Isso significa que a lição do silêncio não tem nenhuma relação com a utilização de artifícios linguísticos, os quais, nesse contexto, exercem pouca influência sobre as crianças. Dito de outro modo: não aborreça os pequeninos insistindo em discursos aprimorados, com frases longas e sofisticadas. De uma vez por todas, pare de pedir silêncio para aqueles que nunca fizeram ou viram alguém fazendo silêncio!

Passo a Passo:

Passemos agora para os principais pontos da lição do silêncio:

Sendo o ambiente um dos elementos fundamentais do exercício, escolha um cômodo de sua casa que esteja bem organizado, com poucos móveis e o mínimo de estímulos visuais;

Feche a porta e as cortinas, de modo que tal ambiente permaneça na penumbra;

Reúna as crianças no cômodo escolhido, pedindo para todas se sentem no chão, ao seu redor;

Com o seu próprio corpo, dê para as crianças o exemplo, ficando quieto e imobilizado. Utilizando poucas palavras, diga, em voz baixa, que você pedirá para as suas mãos e para os seus pés ficarem tranquilos. Depois, peça para a sua boca ficar fechada e para o seu nariz respirar de forma lenta e profunda. Comando a comando, demonstre como os membros de seu corpo lhe obedecem de forma dócil e tranquila;

Neste momento, você estará totalmente imobilizado, com as pernas cruzadas, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, a cabeça sustentada entre as mãos, os olhos fechados e voltados para o chão;

Por fim, imitando você, todas as crianças ficarão em silêncio.

Aprofundando a Lição do Silêncio:

Nos primeiros dias, mantenha-se em silêncio por poucos minutos. Depois de algumas semanas, analisando o quanto as crianças suportam, aumente o tempo de duração do exercício.

O objetivo desse treinamento não é o de deixar as crianças sonolentas, e sim o de levá-las a um recolhimento consciente e vigilante.

Sendo assim, no transcorrer dos dias, levante-se lentamente no meio do exercício, posicionando-se atrás delas. E, com uma voz áfona, chame uma criança de cada vez.

Demonstrando atenção, elas virão vagarosamente ao seu encontro, andando com as pontas dos pés. Com a voz sempre baixa, diga algo no ouvido de cada uma delas, pedindo, por fim, para retornarem à posição de origem. Lá, elas ficarão novamente em silêncio.

Caso você seja uma pessoa ansiosa, sempre preocupada com resultados imediatos, fica aqui um importante lembrete de Lubienska:

“As primeiras tentativas da lição do silêncio numa classe é sempre decepcionante. No início, não há verdadeiramente silêncio, mas mudança de ruído. Em lugar dos barulhos grosseiros, percebem-se ruídos mais leves: o ranger de um móvel, a respiração sibilante de alguma criança, o tic-tac de um relógio”. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 105)

Portanto, se o exercício não funcionar nos primeiros dias, não se preocupe. Depois de duas ou três semanas, o verdadeiro silêncio surgirá!


terça-feira, 27 de setembro de 2016